Preços referenciais voltam a ficar abaixo do valor mínimo de garantia no Rio Grande do Sul
As cotações do arroz em casca no Rio Grande do Sul encerraram o mês de novembro acumulando alta de 3,5%. Porém, depois de praticamente duas semanas cotado acima do preço mínimo de garantia do governo federal, a semana passada e a atual registraram enfraquecimento nas cotações e os valores referenciais caíram abaixo desta linha, de R$ 25,80.
A expectativa dos produtores era de que o mercado passasse a ser balizado pelos valores de exercício dos contratos de opção de arroz em casca, em torno de R$ 29,00 em dezembro. No entanto, o mercado travado, a pressão do varejo e o represamento dos estoques do Mercosul, que começam a pedir passagem, não permitiram uma valorização maior. O avanço da safra também é um fator que implica, com menor impacto, nesta oscilação das cotações.
Desta forma, o Indicador de Preços do Arroz em Casca Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias – BM&F Bovespa, fechou esta quarta-feira, 30/11 indicando o preço de referência de R$ 25,70, dez centavos abaixo do preço mínimo, para a saca de 50 quilos, colocada na indústria (58x10), em cidades que são pólos industriais. Em dólar, pela cotação do dia, o valor da saca correspondeu a US$ 14,21, em valorização na moeda estrangeira.
O mês de dezembro iniciou com uma boa recuperação na quinta-feira (1/12), para R$ 25,81 por saca, segundo o indicador, e oscilou para R$ 25,75 na sexta-feira (2/12), quando fechou a semana com média de R$ 25,74 e queda de 0,3% sobre a semana anterior. Em dólar, nesta sexta-feira uma saca de arroz em casca no Rio Grande do Sul equivalia a US$ 14,37, em processo de valorização após ter começado a semana em US$ 13,89. Os preços internacionais, porém, caíram. O que continua retirando a competitividade do produto brasileiro, exceto dos volumes que se beneficiam dos incentivos do PEP.
A oscilação das cotações revela o mercado interno em compasso de espera. O movimento internacional de baixa nos preços aumenta a pressão sobre os excedentes do Mercosul, que têm o Brasil como alvo principal. Na Argentina, um piquete de caminhoneiro impede o carregamento de cereais, inclusive arroz, em cooperativas. No Uruguai, os dirigentes setorais acreditam em valorização das cotações, sobre os preços do início do ano, neste pico de entressafra. Restaria, ainda, cerca de 30% dos estoques internos para serem exportados, o que evidencia um represamento. Que pode ser direcionado ao Brasil, ampliando a pressão sobre o mercado interno.
O varejo nacional vem reduzindo a demanda para não formar estoques nas férias, época que tradicionalmente há uma queda no consumo.
De outra banda, arrozeiros brasileiros apostam numa recuperação de preços na entressafra justamente pelo volume exportado, que enxugará os estoques de passagem. E como vão exercer boa parte dos contratos de opção, também seguram o produto. Mas, vale lembrar que o governo brasileiro formou imenso estoque público, e que esse produto prejudicará a abertura de espaço para armazenagem em 2012.
Ou seja, mesmo com mecanismos oficiais de comercialização, por falta de armazéns credenciados muitos produtores poderão não ter acesso aos recursos. Para amenizar esta preocupação, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento anunciou um plano nacional de armazenagem, que prevê grandes investimentos no setor.
Os analistas ainda apostam em valorização na entressafra, com os preços fechando dezembro levemente acima do preço mínimo. As importações devem determinar um teto de valor. E à medida que a safra se aproximar, a pressão sobre os preços aumentará.
SAFRA
A safra gaúcha entra na sua reta final, com mais de 95% da área cultivada. As baixas temperaturas noturnas e a estiagem vêm prejudicando a germinação e algumas lavouras já são banhadas. Na região metropolitana, onde a lavoura disputa água com as cidades, o nível dos rios fez suspender a irrigação.
MERCADO
A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios em queda na semana no Rio Grande do Sul, com a saca de arroz em casca de 50 quilos (58x10) cotada a R$ 26,30, ou 20 centavos a menos que na semana passada. Referência de R$ 52,00 para a saca de 60 quilos de arroz branco, com valorização de R$ 1,00. A estabilidade de quase três meses foi quebrada nos preços dos quebrados de arroz, com valorização de 50 centavos no canjicão e 30 centavos na quirera. Assim, o canjicão tem referencial de R$ 34,00 e a quirera em R$ 32,00 (ambos em 60 quilos/FOB RS) e o farelo de arroz manteve-se estável em R$ 270,00 por tonelada/FOB no RS.
Planeta Arroz