Milho plantado antes do final de setembro é o mais afetadoA seca que afeta a maior parte das regiões do Estado já está causando transtornos para os agricultores gaúchos. Enquanto no Nordeste no Estado as plantações de milho estão apresentando perdas irreversíveis, na Metade Sul e na Região Metropolitana a falta de chuvas aumenta os gastos dos produtores de arroz e prejudica a irrigação das lavouras.
Na Serra, o fornecimento de água à população urbana, assim como em algumas áreas rurais, já começa a ser afetado devido à pouca quantidade de chuva. Segundo dados da Fepagro de Veranópolis, o ano de 2011 teve o mês de novembro mais seco desde 1955, quando começou a coleta de dados no munícipio. No mês passado, foram registrados apenas 13 milímetros de chuvas no local, enquanto a média histórica para o período seriam 134 milímetros. A queda tem afetado as lavouras de milho, especialmente aquelas que foram plantadas antes do final de setembro, as quais estão em fase de floração e formação das espigas. O agricultor Marcelo Casagrande, que cultiva 25 hectares de milho em Guaporé, acredita que cerca de 50% de sua lavoura está perdida. "Mesmo que chove bem a partir de agora não tem mais como recuperar muitas partes da plantação", comenta.
A estiagem também tem atrasado a semeadura das áreas onde ainda está sendo realizado o plantio, que chegou a ser suspenso na maior parte das propriedades da Serra. Segundo Ênio Todeschini, agrônomo da Emater-RS, dos 150 mil hectares que deveriam ser semeados com milho na região, 20% ainda não foram semeados.
Todeschini lembra que os fruticultores da Serra também estão enfrentando dificuldades com a seca. A falta de umidade e o calor têm apressado a maturação e o crescimento das frutas, afetando especialmente a produção de pêssegos e de uvas. "No caso dos parreirais, o tempo mais seco é benéfico a partir de dezembro, para melhorar a qualidade dos cachos. Mas a falta de água em novembro reduz o volume das bagas e faz muitos grãos caírem, interferindo no rendimento."
Em relação ao arroz, nas regiões da Campanha, Fronteira-Oeste e zona Sul, tradicionais produtoras do cereral, diversas lavouras têm necessitado de "banhos" para acelerar a germinação nas áreas plantadas, uma vez que sem as chuvas esperadas para o período os grãos não brotam. "Essa prática acaba encarecendo os custos de produção", afirma Roberto Oliveira da Silveira, secretário de Agricultura de Santa Vitória do Palmar.
Já os produtores de arroz do entorno da Região Metropolitana, que se servem dos rios Gravataí e dos Sinos como fonte de irrigação para suas lavouras, estão sofrendo com o baixo nível das águas. Na semana passada, obedecendo a uma resolução do Conselho de Recursos Hídricos do Estado, os arrozeiros chegaram a suspender as atividades de bombeamento de água a fim de não prejudicar o abastecimento da população urbana. Nesta terça-feira, o município de São Leopoldo chegou a declarar estado de emergência, e fará racionamento das 7h às 15h. Atualmente, o nível do Rio dos Sinos está em 60 centímetros, o menor em dez anos.
Jornal do Comércio