Após queda em março, preços do arroz entram abril em recuperação
O mês de março encerrou com uma desvalorização de 1,21% no preço médio do arroz em casca, em saca de 50 quilos (58x10), no Rio Grande do Sul, segundo o indicador de preço ESALQ/Bolsa Brasileira de Mercadorias-BM&FBovespa, cotado a R$ 26,17. Apesar disso, a última semana de março já apresentava uma trajetória de recuperação de preços de 1,14%, segundo o mesmo indicador. Nos dois primeiros dias úteis de abril, a cotação já acumulou recuperação de 0,84%, alcançando R$ 26,39 pela saca de arroz colocada na indústria.
Isso em função, principalmente, da redução da safra brasileira (ênfase na queda no Rio Grande do Sul), do anúncio de mecanismos federais para enxugar em 2,2 milhões de toneladas o mercado já no pico de safra, recursos para EGFs, confirmação do apoio às exportações e iniciativas de governo para reduzir as assimetrias das importações do Mercosul.
Além dos recursos para sustentar o preço mínimo em todo o Rio Grande do Sul, o que ainda não foi plenamente alcançado, e serve de argumento para a liberação do PEP exportação, o governo brasileiro trabalha para estabelecer quotas de importação com os países do Mercosul, em troca de outros interesses de mercado. Por exemplo, o Brasil está disposto a reduzir as exportações de carnes e derivados para a Argentina em troca da redução nos volumes embarcados de arroz em Corrientes e Entre Rios para o mercado brasileiro. Ao mesmo tempo, o Congresso Nacional agiliza uma nova redação em uma Medida Provisória, que deve reestabelecer a tributação de Pis/Pasep e Cofins sobre o arroz importado, reduzindo a vantagem competitiva do produto uruguaio, paraguaio e argentina sobre o arroz gaúcho e catarinense.
A safra gaúcha vem sendo colhida em ritmo mais célere nesta semana, em razão do clima favorável e já entra em seu terço final. Ainda se vê muitas lavouras sendo colhidas na Depressão Central, no entorno de Santa Maria e Candelária, bem como na região da Campanha até Livramento. Na Depressão Central chama a atenção um grande número de lavouras com alto índice de arroz vermelho do tipo de planta mais alta, não só em área de escapes. E pelo estágio da lavoura, já sementando e debulhando, o que preocupa para as próximas safras.
Os analistas, de maneira geral, acreditam que do cumprimento do cronograma de mecanismos por parte do governo federal dependerá o comportamento dos preços. E por esta razão, a Federarroz está concentrada, juntamente com outras entidades do setor, em pressionar o setor pela liberação de recursos dentro dos prazos estabelecidos.
Nesta terça-feira, o governo federal anunciou a liberação dos recursos para os investimentos de abril para a comercialização do arroz, via publicação de portaria interministerial. A Conab anunciou que vai comprar, em abril, 109,2 mil toneladas de arroz do Rio Grande do Sul (99,2 mil t) e de Santa Catarina (10 mil t). A operação será realizada pelas superintendências regionais nos estados, utilizando mecanismos da Aquisição do Governo Federal (AGF), pela Política de Garantia de Preço Mínimo (PGPM).
A decisão foi tomada em reunião interministerial realizada na última semana, quando foi definida a programação orçamentária para este mês, no valor de R$ 106,8 milhões para aquisições de arroz, compra de sacaria e outras despesas. Só para AGF foram reservados R$ 56,8 milhões. Fora isso, há os recursos garantidos para PEP/Pepro e Contratos de Opções, e os leilões de troca.
MERCADO
A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios de R$ 55,80 para a saca de arroz beneficiado de 60 quilos e R$ 26,00 para a saca de 50 quilos de arroz em casca no Rio Grande do Sul. Entre os derivados, o canjicão de arroz mantém o preço médio de R$ 33,00 para a saca de 60kg, enquanto a quirera sustenta R$ 28,00. Já o farelo de arroz teve leve alta, de R$ 5,00 para R$ 295,00 a tonelada FOB/RS, pelo aquecimento da demanda do milho.
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