Abril mantém recuperação nos preços do arroz, mas sem negócios
Produtor segura a venda, esperando os mecanismos do governo enxugarem o mercado e valorização interna. Preços se recuperam nesta primeira semana de abril. Exportações seguem em alta
A máxima de que produtor de arroz só comercializa o produto na baixa, se mantém no Rio Grande do Sul em plena época de safra. Com a previsão de estoques baixos, produção menor no Brasil e no Mercosul e suporte de comercialização para quase um terço da safra, com os mecanismos do governo federal, os preços referenciais para a saca de arroz de 50 quilos, em casca, 58x10, estão e alta, e praticamente não há oferta por parte dos produtores. Mais de dois terços do arroz que entra nas indústrias gaúchas neste momento é produto “a depósito”, ou seja, de arrozeiro que não possui estrutura de secagem e armazenagem.
Ainda assim, é um produto que comumente entra no mercado, dentro do giro de estoque que parte das indústrias costuma fazer, razão pela qual há uma pressão do setor para que cada vez mais os produtores construam armazéns e secadores para administrar seus próprios estoques. A Federarroz pressiona e o governo federal confirma que deve manter o cronograma de liberação de recursos para os mecanismos em abril, apesar de mais da metade do mês já ter passado praticamente em branco, apenas com leilões de troca e um pequeno movimento de AGFs. O volume de recursos anunciado, porém, foi suficiente para uma reação “psicológica” do mercado.
Diante deste fato, o indicador de preços do arroz em casca no Rio Grande do Sul ESALQ/Bolsa Brasileira de Mercadorias-BM&FBovespa, fechou a primeira quinzena de abril com cotações de R$ 26,73 para a saca de 50 quilos de arroz 58x10, acumulando alta de 2,14%. Pela cotação do dia13/04, último dia útil da quinzena, o preço, em dólar, alcançou 14,54/50kg.
Nesta segunda-feira, 16/04, houve nova valorização, segundo o mesmo indicador. Com ganho de 0,3%, os preços de referência da saca de arroz em casca subiram para R$ 26,81, acumulando 2,45% de alta e equivalendo a 14,56 dólares (valorização de 2 cents). A expectativa de redução das assimetrias do Mercosul com a criação de uma espécie de TEC, com a volta da incidência do PIS/Pasep Cofins sobre o arroz importado, também trouxe novo ânimo ao setor. Há divergência nos números, mas se for aprovado o parecer do relator Jerônimo Goergen (PP/RS) a cerca do retorno da incidência do imposto sobre o arroz importado, estima-se uma alta média entre 3% e 6%, dependendo da origem e do destino do produto. Ainda não será suficiente para equilibrar os preços com o mercado interno, mas reduzirá a diferença.
Enquanto isso, no mercado livre gaúcho os preços médios variam entre R$ 26,00 e R$ 26,50 na maioria das praças, com baixa movimentação de transações efetivadas e bastante movimento de arroz a depósito. Poucos negócios reportados e nesta faixa média de valores. A Conab considera que algumas regiões gaúchas seguem abaixo do preço mínimo de R$ 25,80 (valor que o setor busca reajuste) e por isso está mantido o discurso de liberação de mecanismos.
SAFRA
O IRGA estima que mais de 85% da lavoura gaúcha está colhida e dentro 20 dias as operações deverão estar concluídas no Estado. Há indicações de baixa produtividade e doenças de final de ciclo afetando a lavoura. Nesta parte final, há lavouras bastante inçadas e afetadas pela oscilação de temperaturas, com grãos chochos o que indica menor qualidade. Mas, há também boas lavouras sendo colhidas, de acordo com o manejo adotado.
EXPORTAÇÃO
Depois do recorde de exportação alcançado no ano comercial 2011/12, o Brasil manteve o ritmo das vendas externas e em março já teve ótimo desempenho. Segundo dados do MDIC, o Brasil exportou 186,7 mil toneladas de arroz, em base casca, quase o dobro do volume embarcado em fevereiro. Arroz beneficiado somou mais de 45% das vendas externas. Mas, diante de um cenário de escassez de oferta e colheita no Mercosul, as importações também foram significativas, chegando a praticamente 120 mil toneladas, o dobro das compras de fevereiro. A Argentina desovou o restante de seus estoques represados ao longo do ano, com 63 mil toneladas, seguida do Uruguai e Paraguai, este último já com arroz da safra nova. Os números da venda externa equivalem a quase um terço da previsão de exportações realizadas pela Conab, o que provavelmente levará a novo ajuste no quadro de oferta e demanda e evidencia que há problemas nas estimativas, principalmente referentes aos estoques privados.
Vale lembrar que em 2011/12 as exportações brasileira somaram 2,09 milhões de toneladas, ou 234% mais vendas externas (40 mil t acima do previsto pela Conab). Quase 60% do volume foram destinados aos países africanos, com 65% do volume total de arroz beneficiado, portanto, com valor agregado e a geração de empregos e renda no Brasil. Só o arroz parboilizado representou 840 mil toneladas, ou 40% das vendas.
Ao longo do ano comercial 2011/12, o Brasil importou 821,4 mil toneladas, ou seja, 29 mil toneladas baixo da previsão da Conab, o que torna o estoque de passagem brasileiro ainda mais apertado.
MERCADO
A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios de R$ 56,60 para a saca de arroz beneficiado de 60 quilos, com alta de 80 centavos nos últimos 15 dias. R$ 26,50 é a cotação referencial para a saca de 50 quilos de arroz em casca no Rio Grande do Sul, com valorização de R$ 1,00 em duas semanas. Entre os derivados, o canjicão de arroz mantém o preço médio de R$ 33,00 para a saca de 60kg, enquanto a quirera estabilizou em R$ 28,00/60kg e o farelo de arroz manteve-se em R$ 290,00 a tonelada FOB/RS.
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