Um dos objetivos de uma feira tecnológica é reunir no mesmo lugar diferentes experiências e profissionais de uma determinada área. Eventos geralmente são ótimas oportunidades para se obter novos conhecimentos. Os participantes do intercâmbio tecnológico cujo percurso ganhou o nome de Rota do Conhecimento – feito em parceria entre a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead) e a cooperativa Carpil – tiveram a oportunidade de participar esta semana do Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR).
No evento, os intercambistas puderam conhecer técnicas novas, fazer contatos e conversar com diversos profissionais do meio rural, entre eles, agricultores familiares, pesquisadores e profissionais do agronegócio.
O produtor de orquídeas Luiz das Neves saiu pela primeira vez do Nordeste e vai voltar para casa com novas espécies de orquídeas e técnicas de cultivo. Ele vende as flores em sua propriedade, em Pernambuco. Ao chegar no Show Rural, foi logo atrás dos stands da espécie. A vontade de conhecer foi além do evento. O produtor foi convidado para passar um dia na propriedade da família Sctlmidt, responsável pelo Orquidário Elisa, no Paraná.
Seu Luiz garante que a visita e a troca de informação vão trazer grandes ganhos para a produção dele. “Em Pernambuco nós temos regiões em que chove bastante e outras que não chove quase nada. A gente plantava tudo da mesma maneira, com uma forma de produção própria para área seca. Quando chegava a chuva nas partes que chove, as flores ficavam encharcadas e morriam. Como aqui, no Paraná, chove muito, eu vou levar a forma deles de produção para essas regiões no meu estado”, conta o agricultor.
Olga Sctlmidt, do Orquidário Elisa, aprovou a iniciativa do intercâmbio. “Ele e meu pai trocaram muitas ideias no pouco tempo que tiveram juntos. Muitas orquídeas que temos aqui não existem na região dele. Mesmo com tantos anos de experiência que a nossa família tem com as flores, a gente sempre acaba aprendendo também”, afirma. Além de mais conhecimento, seu Luiz garantiu para a propriedade dele algumas mudas de espécies da flor.
A produtora de frutas e doces Quitéria Calado, de Palmares (PE), também vai levar novas técnicas para seus produtos e promete investir mais na produção. A principal atividade da propriedade da agricultora é o cultivo de banana. Além de vendê-las por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), Quitéria fornece seus produtos para uma empresa. Ela conta que gostaria de agregar mais valor a suas frutas, investindo na produção de doces. “Hoje, eu vendo 1000 bananas a R$ 40. Eu faço em torno de 36”, calcula.
A agricultora afirma que ficou impressionada com as técnicas apresentadas no stand da Emater do Paraná. “Eles colocam sabor na biomassa da banana. Isso me fascinou. Quando eu chegar em Pernambuco, vou fazer isso e quero diversificar nos sabores com frutas da minha região”. Quiteria conta que usar a biomassa da banana vai permitir que ela aproveite melhor o produto, pois costumava usar as frutas já maduras. Ela ainda ressalta que aprendeu novas formas de fazer o doce que irão valorizar o sabor da fruta.
Mais informação para os técnicos de Ater
Um dos principais objetivos do intercambio é promover mais conhecimento aos técnicos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) que auxiliam beneficiários do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF). O técnico em agropecuária Wallinson Vieira, da empresa Prosperar, atende a população do crédito fundiário em Sergipe. Ele conta que ficou muito animado com as informações sobre o cultivo do feijão e promete passar todo o conhecimento para os produtores de seu estado. “Sergipe tem uma produção razoável de feijão, mas essa tecnologia de inoculação de semente pode aumentar consideravelmente a produção do estado”.
Ele ainda afirma que poder ver as técnicas sendo aplicadas foi de extrema importância e que vivenciar essas novas experiências abre um leque de conhecimento e a forma de ver as coisas. O técnico diz que com satisfação vai transmitir todo o conhecimento obtido no intercâmbio para os produtores do seu estado.
Intercambio tecnológico
Há mais de 10 anos, a Secretaria de Reordenamento Agrário (SRA) do Governo Federal apoia o intercâmbio tecnológico entre a cooperativa Carpil e a cooperativa Coopavel, entre outras. Esse ano, o grupo está composto por 108 integrantes, entre eles agricultores e agricultoras familiares, jovens e técnicos. São estudantes e profissionais que trabalham com o PNCF no estado de Alagoas, Pernambuco, Ceará e Sergipe.
O grupo está na estrada desde o dia 1º de fevereiro. O intercambistas já visitaram fazendas e cooperativas em Bahia, Brasília, São Paulo (leia mais aqui) e no Paraná com visitas técnicas e participação do Show Rural. O grupo ainda teve oportunidade de conhecer algumas unidades de produção, indústria e universidade da cooperativa Coopavel, além de algumas maravilhas do Paraná, como a famosa usina hidrelétrica de Itaipu.
Show Rural
O Show Rural Coopavel é uma das maiores feiras rural do país. O evento reúne profissionais e pesquisadores do meio rural de todo o país. São mais de 500 expositores e cerca 230.000 visitantes, em uma área de 720 mil m². Para Sandra dos Santos, gerente da Universidade Coopavel (Unicoop) o intercaâmbio é uma ótima oportunidade para os agricultores fazerem contatos e adquirirem conhecimento. “Para nós, é uma satisfação imensa. O pessoal da Coopavel também vai à Carpil e eles trocam experiências”. Sandra conta que no encontro, os agricultores familiares costumam apresentar as dificuldades e assim a Unicoop pode pesquisar mais sobre o problema apresentado, estudar soluções e passar essas informações para os produtores.