“Sou filha de agricultores, cresci no roçado. Hoje, meu papel é levantar a bandeira da agricultura familiar”. Esse é o pensamento de Bruna Manoela Lima, de 22 anos. A fala da jovem é apenas um dos frutos de grandes parcerias da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead) com instituições, como o Serta – Serviço de Tecnologia Alternativa.
O Serta é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), que atua no nordeste, trabalhando na formação de jovens, produtores e educadores. Entres as iniciativas, estão o curso técnico em agroecologia e a atuação com serviços de assistência técnica. A parceria com a Sead começou em 2005. “Tivemos uma parceria muito forte com o Governo Federal, sobre tudo com o MDA (hoje, Sead), que apoiou diversas iniciativas nesse campo da juventude rural, assistência técnica, na produção agroecológica e educação no campo”, afirma o presidente do Serta, Germano Ferreira.
Hoje, a parceria com a Sead está voltada para os serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater). De acordo com Germano, são 22 técnicos, ex-alunos do curso, atuando na transição agroecológica. “Os resultados são diversos, não só na produção, mas também na autoestima”.
A jovem Bruna concluiu o curso de agroecologia no Serta em 2014 e logo começou a trabalhar com assistência técnica, por uma chamada pública da Sead. Ela conta que é gratificante poder aplicar o que aprendeu na propriedade dos pais e ainda ajudar outros produtores. “Nas primeiras semanas do curso eu já incentivei meus pais a aumentarem a plantação, eles falavam que não dava, mas eu insisti”, lembra. Ela conta que ficou feliz em saber que o pai estava comendo as bananas que ela plantou. Além do curso em agroecologia, a jovem é graduada em ciências biológicas e já está investindo em uma pós-graduação.
Bruna ressalta que os jovens devem se profissionalizar, mas afirma que é legal usar os conhecimentos na produção no campo. Hoje além de ajudar a família, ela presta assistência no município de Jataúba. “A assistência técnica é uma oportunidade deles ampliarem e irradiarem para suas famílias e outras famílias aquilo que aprenderam na escola, isso tem sido uma experiência fundamental”, ressalta o diretor Germano Ferreira.
De acordo com diretor do Serta, reforçar o gosto pelo campo e aumentar a autoestima deles é um dos pontos importantes nos trabalhos da organização. Para ele, o legal é ver o jovem ficar no campo por opção e não por obrigação. “No Nordeste era comum você ouvir as pessoas falarem que as crianças precisavam aprender a ler e escrever para não ficar no cabo da enxada, como o pai e a mãe. Nós percebemos que era preciso discutir qual o papel da escola com o campo”, afirma. Ele ressalta que no Serta tudo que os produtores fazem no campo também é objeto de estudo. O diretor ainda conta que nas visitas às propriedades os estudantes veem os próprios pais dando aula sobre a produção para os outros alunos.
Germano explica que um dos objetivos do Serta é mostrar para os jovens que a agricultura familiar é também um negócio e que os conhecimentos deles podem transformar, seja na produção, seja no campo do beneficiamento ou no campo da comercialização. “A agricultura não pode ser só vocacional. Ela precisa ter uma presença profissional, precisa ser empreendedora, precisa ser negócio. Não dá pra gente trabalhar a agricultura só na cabeça e no coração, a gente precisa trabalhar no bolso também”, ressalta.
Bruna não esconde o orgulho de poder atuar no meio da agricultura familiar. “Sou técnica, sou mulher. Eu amo a minha profissão, amo estar no campo”. Germano afirma que a agricultura tem um papel fundamental para sociedade, principalmente no âmbito da produção de alimentos e Bruna concorda: “O agricultor é um dos profissionais que devem ser mais valorizados no país, porque a gente precisa se alimentar para viver, e a agricultura familiar é isso. Ela é essencial.”
Sobre o Serta
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) que trabalha na formação de jovens, educadores e produtores familiares. O objetivo é que eles possam atuar na transformação econômica, social, ambiental, cultural, política e no desenvolvimento sustentável no campo. De acordo com o diretor da organização, Germano Ferreira, nos 10 primeiros anos do Serta, os trabalhos eram voltados para os agricultores familiares e para as escolas da região. A partir de 1999, a organização começou a trabalhar também com jovens.
Além da parceria de serviços de Ater com a Sead, o Serta ainda participa de conselhos e comitês importantes, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf) e o Comitê Permanente de Políticas Para Juventude Rural do Condraf.
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